Houve um tempo em que Natal era para mim a melhor época do ano. Animado, eu fazia lista de presentes, pequenas lembranças, compradas com antecedência, porque o que importava mesmo eram os embrulhos feitos com papel colorido, fitas e uma grande dose de imaginação, que faziam com que tudo, desde a mais singela mensagem ou presente mais caro ficassem com o mesmo toque de carinho e afeto das mãos que com amor presenteavam e a alegria de todos com a beleza dos embrulhos.
No centro da sala armávamos a árvore de natal, variávamos a cada ano os enfeites, toda de bolas vermelhas com lâmpadas que piscavam alternadamente: podia no ano seguinte vir toda colorida, prateada ou em elegantes laços de metal dourado.
Eu amava a festa de Natal! Da cozinha vinha um cheiro indescritível, fragrâncias múltiplas de torta de nozes, rabanadas, doces em calda, castanhas cozidas, presunto assado com abacaxi e todas as iguarias que representavam a fartura da ceia. Toda a família participava e o fato de cada convidado trazer um prato diferente fazia à mesa posta com a toalha de renda da vovó, a nossa melhor louça e os cristais estalando de limpos, ficar mais linda ao brilho das velas nos castiçais de prata antiga.
O alvoroço começava no dia 23. As compras eram feitas cedinho, tudo era escolhido com o maior cuidado pelo Cheff da casa (meu Pai), o bacalhau, herança de nosso sangue português, que aparecia também nas rabanadas, queijadinhas e nos deliciosos pastéis de Santa Clara.
No meio da mesa, nós colocávamos o nosso toque de natal brasileiro: o arranjo com frutas tropicais – abacaxis, mangas, uvas e pêssegos; o europeu se misturava ao saboroso tempero do povo que absorveu e soube adaptar uma festa que veio do inverno para nossos quarenta graus de calor, no auge do verão.
Quando começava o anoitecer do dia 24 estávamos felizes e cansados. Começava a chegar a família, meus avós, meus tios, meus primos e primas, nossos amigos íntimos para comemorar conosco o nascimento de Jesus.
Quando chegava perto da meia-noite meu avô reunia a família na sala e juntos, líamos a Bíblia e fazíamos um culto de oração. Todos ficavam com os olhos cheios de lágrimas, um profundo respeito invadia aquele instante. Sempre a demonstração de fé simples e concreta mexe com o íntimo das pessoas, não importa a crença que possam ter. A fé em Deus nos unia.
Não sei precisar como foi ou quando foi que a festa de Natal foi se tornando algo penoso. Já não sentia a alegria infantil de antes… Talvez tenha começado com a separação de meus pais, o lugar dos meus primos e primas ficaram vazios. Meu pai aparecia triste e solitário, como quem vem a um compromisso e não a uma festa.
Meu avô e minha melhor amiga morreram, tios e tias foram envelhecendo e na mesa havia cadeiras vazias demais. A noite de Natal tornou-se para mim cheia de lembranças doces, mas dolorosas.
Nunca mais armei a linda árvore de Natal e da cozinha desapareceu o clima de animação. Receitas antigas foram engavetadas e os deliciosos aromas da ceia ficaram só na memória.
Mas como tudo na vida serve de ensinamento, deixando de ver o Natal como festa, encontrei o seu sentido exato. Passo essa noite refletindo na importância da vinda de Jesus. De como devo agradecer a Deus pelo presente maravilhoso:”porque Ele veio para que tenhamos vida e a tenhamos em abundância”.
Feliz Natal!!!
Muito lindoooooooooooooo
ResponderExcluirQue triste. Feliz Natal!
ResponderExcluirTriste esmo esse texto, mas que bom que você ainda lembra de nos dar um Feliz Natal.
ResponderExcluirLindo texto.
ResponderExcluirAmei o texto.
ResponderExcluirFeliz Natal!
ResponderExcluirmuito bom...
ResponderExcluirAdorei o texto.
ResponderExcluirMuito bem escrito
ResponderExcluirAdorei o texto.
ResponderExcluirQue triste isso hein!
ResponderExcluirAdorei...
ResponderExcluirmuito bem escrito.
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