sábado, 13 de junho de 2009

O quadro e o descascado

1º post da série.

...Precisamos mesmo ser tão críticos?


Sem querer começar falando da minha infância nem nada, quando eu era criança, adorava um quadro que ficava na sala do meu pai. Ele (meu pai, não o quadro) se mudou varias vezes, e aquela pintura lá, sempre junto, cada hora numa sala diferente. Beleza. Cresci e quem começou a mudar de casa fui eu. Aí, na minha ultima mudança, meu pai me deu o quadro de presente. Fofo, né? Mas ainda não cheguei ao meu ponto. Pendurei o quadro e só aí reparei que tinha um descascadinho no lado superior esquerdo dele. Inho, mesmo. Só vejo de óculos e bem perto. Provavelmente, tinha sido eu o culpado, na hora de transportar o presente. Enfim: os dias se passavam e eu não conseguia mais admirar a pintura. Quando eu olhava para ela, meus olhos iam direto para ela, meus olhos iam direto para o tal descascadinho.

Comecei a ficar bem histérico. Não com a tela, mas comigo. Serio: tinha 99,8% de quadro perfeito. Por que eu teimava em olhar para o 0,2%?
Sem querer transportar a questão do quadro para a vida, mas transportando, comecei a reparar como, as vezes, tudo está quase perfeito, mas transportando, comecei a repara como, às vezes, tudo está quase perfeito, mas nos focamos justamente nesse ponto “quase”. Meu novo namorado é lindo e fofo, mas essa voz estranha... A foto que eu tirei ficou ótima, mas esse meu fio de cabelo fora do lugar... Tudo está tranqüilo, mas esses 3 kg a mais... Minha irmã é ótima, mas essa risada dela... Argh! Tudo bem, não dá para ver só as coisas boas à nossa volta e achar que o mundo é um pão-de-ló (bem, inventei essa expressão). Mas, quando tudo está quase lê, precisamos mesmo ser tão críticos? Por exemplo: se nossa vida está cheia de coisas bacanas, menos a discussão que tivemos com uma amiga, essa discussão precisa contaminar o resto da nossa vida, a ponto de só pensarmos nisso e fecharmos a cara?
Tenho uma amiga (eu sempre uso minhas amigas para os exemplos ruins, mas o que posso fazer? Citar meu papagaio? E eu nem tenho um papagaio) que é exatamente assim. Coincidência ou não, ela é canceriana (pra quem não lê horóscopo: os cancerianos têm essa fama de se focar no descascadinho do quadro). O caso é: se ela dá uma festa e sei lá, o brigadeiro ficou mole demais, é capaz de deixar de curtir porque está com a cabeça na frustração do brigadeiro. Cancerianos ou não, acho que todos nós desperdiçamos bons momentos deixando que o lado ruim sobressaia.
Na verdade, acho que isso é até preferível a ser uma pessoa relapsa que aceita qualquer vida. Mas espere um pouco, né? Faz mais sentido adotarmos o caminho do meio, como diria o daila-lama, ou o Buda, sei lá. Se o seu trabalho não é, digamos, escolher as fotos que vão ficar bonitas no orkut, precisa tanta preocupação com o fio de cabelo?
Bem, mas vamos voltar ao quadro, porque eu amo terminar meus post completado o que eu escrevi no primeiro parágrafo. Decidi que ia manda-lo para algum lugar que faça restauração, mas depois desencanei. É que, com o tempo, o descascadinho foi parando de me incomodar tanto. Ainda bem, né?

Na boa, minha casa não é uma geladeira de arte e eu posso ser super feliz com uma pintura imperfeita. Alias, agora, estou escrevendo no sofá, de frente para ela. Para a tela não para o descascadinho.
Afinal, ele só corresponde a 0,2% do total.

P.S.: Eu realmente prefiro e sempre me perco no caminho do meio.

5 comentários:

  1. Minha mãe tem um quadro que ela ganhou de casamento não dá não troca e nem tira da sala, deu até vazamento esta todo manchado. Mas ela insiste em deixa-lo lá..

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  2. adorei, curto muito seus blog's abraço!

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  3. Ri muito com isso "eu sempre uso minhas amigas para os exemplos ruins, mas o que posso fazer? Citar meu papagaio? E eu nem tenho um papagaio" Cara vc é maluquinho!!!!

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  4. tipo o que mas me bateu foi o brigadeiro mole, os meus sempre ficam assim e minha festa tbm acaba!

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  5. Caminho do meio, não entendi! O que seria???

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