sexta-feira, 29 de maio de 2009

Mendigo com especialização.

A coisa está feia, mas tão feia, que agora até o mendigo precisa de algum tipo de especialização.
Difícil saber se é consequência dos recordes de desemprego, da recessão iminente ou da crise do suprime. Mas fica cada vez mais raro encontrar um pedinte clássico – aquele que apenas estende a mão e espera uns trocados caírem do céu ou de bolsos generosos.
Na nova economia, essa figura se encontra ameaçada. A concorrência nas ruas se acirrou. Não basta mais o sujeito exibir, sei lá, a radiografia do pulmão comprometido ou um pé tomado por chagas para colecionar doações comovidas. Não. Ninguém mais se sensibiliza facilmente.

É preciso, como dizem os documentos de RH, ter um diferencial. Até para pedir dinheiro. Sem um bom marketing pessoal, não dá para enfrentar o mercado de trabalho dos que não trabalham. Especialmente com tantas campanhas apregoando “não dê esmola”.
A solução mais comum é vender alguma coisa. Qualquer coisa, não interessa se ninguém quer comprar a tal coisa. Basta o álibi do consumo para o dinheiro trocar de mãos, sem culpa. Esmola? Imagina. Queria mesmo esta bala sabor melancia, um tanto derretida e de procedência duvidosa, que vai ser esquecida no carro até ser devorada pelas baratas.
Outra saída são os malabarismos estão cheios de gente girando bolinhas de tênis no ar. Cada vez mais bolinhas. Quem tem network junta os colegas para formar pirâmides humanas. Outros, arrojados, balançam tochas acesas entre carros e motos.
É, as esquinas começam a ficar overqualifieds.

Numa, aqui perto de casa, um ambulante fala inglês. Fluente. O sinal fecha e lá vem o homem, de terno e gravata: “Hello, my friend! Nice to meet you” e por ai vai, sem tradução simultânea.
E esse não é o único a exibir conhecimento de línguas. Alguns quarteirões adiante, seu colega de não profissão recita poemas. Ainda deixa o, por assim dizer cliente escolher o autor. Quer um Manuel Bandeira ou um Carlos Drummond? Quem sabe uma Florbela Espancada? É um real.

Talvez o ultimo romântico seja o mendigo que encontrei outro dia, na porta do supermercado. Um pedinte autêntico, de raiz. Daquele que não vende bala, não faz malabares nem fala inglês. Sentado na calçada, ele simplesmente pede: tem 50 reais pra me dar? Uma senhora respondeu: pra que? Ele logo foi exclamando: pra comprar um sabonete. Ela se assustou e indagou: que sabonete é esse que custa 50 reais? Ele: poxa! Dona é que eu só uso sabonete da natura.

Pois é do jeito que a situação anda, cinquentinha, não faz por menos. A coisa está feia.

4 comentários:

  1. 50 REAIS?? Puys acho que vou começar a pedir esmola também!

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  2. caramba tem cada medingo cara de pau, uma vez um me pediu 1 real, eu disse que não tinha , daí ele disse por isso que agente rouba vcs.

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  3. Será que ja esxite faculdade pra se formar em medingo? Pois fiquei espantado quando soube que existe faculdade Disney, agora vê se pode fazer 4 anos de faculdade pra se fantasiar de mickey!

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  4. Namorado chato Thomas aki!maio 31, 2009

    Então agora eu quaeria disser qe esse dono do Blog é dissemos um pedinte nato tambem...
    bjins TE AMO.

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