terça-feira, 9 de setembro de 2008

Sinfonia Pastoral

Dia desses choveu a noite inteira. Acordei no meio da madrugada com muito calor, embora lá fora o vento rugisse por entre as folhas. A sonoplastia não combinava com a sensação térmica, foi o que pensei. Depois, demorei pra dormir. Estava na casa da minha tia, um lugar lindo tipo fazenda! A NET estava fora do ar, afogada em alguma esquina, muito provavelmente, e, às tantas da manhã, ninguém ia mesmo se preocupar com as minhas angústias. Tentei ler, mas a concentração estava difícil, de modo que acabei vindo para o computador e me obriguei a jogar palavras na tela, na esperança de arrumá-las no lugar certo e ser, como lindamente dizia Truman Capote, um Paganini semântico. De modo que fui tentando contar histórias, mas as personagens mal surgiam, corriam para detrás de alguma cortina escura e eu acabei desistindo de correr atrás delas, porque andavam mais velozes do que o de hábito.Acabei dormindo e, pela manhã, a chuva tinha ido embora. Fo-tografei as jacas, da janela de meu quarto, porque foram as primeiras coisas que eu vi, mal abri a janela e pisei na varanda.


Ainda estão pequenas, aguardam ansiosas pelo amadurecimento, pois é quando as bagas produzem o mel. Como aqui em casa ninguém é muito chegado à jaca, quem termina fazendo a festa são os cachorros que (eu não sabia!) adoram jaca e abacate. Os meus, pelo menos, comem todos os frutos que caem no ter-reno, na calada da noite. Aqui em casa são cinco cães e dois gatos, vou fotografar e apresentar a vocês antes de viajar. E parecem todos muito felizes, aproveitando as carícias da mata que, depois de dias de chuva, exibe o verde com uma a-legria e um despudor inacreditáveis. Daí que coisa bonita só tem graça se é dividida, eu divido com vocês um pouco do que a natureza me ofereceu após os dias de tormenta.

As orquídeas surgem por toda parte. Elas simplesmente hospedam-se no galho de alguma árvore e ali deixam-se ficar. A nossa Mata Atlântica, tão machucada e desrespeitada, anda cheia delas. E, por toda parte, a natureza vai nos propondo formas e cores e puxando por nós, como mãe zelosa que é. Vai nos estimulando e surpreendendo. Eu saí do quarto, fui para o jardim e vi:




Espero que você se sintam tão inspirados quanto eu. Antes de me despedir, deixo-vos com os abacates, ainda meninos, ainda tão jovens, ignorantes do fato de que um dia mergulharão morro abaixo até às presas da cachorrada. Tenho muita simpatia por este abacateiro. Ele é muito empertigado e todas a manhãs parece cumprimentar-me como um inglês que levantasse o chapéu coco. É generoso e ano após ano nos brinda com sa-fras espetaculares. Vejam parte da deste ano.

E estão aqui mesmo. Bem ao alcance da mão. Vou me mudar quando chegar de viagem, isso já é coisa resolvida, mas algo me diz que eu vou sentir muita falta daqui. Muita. Fui.

3 comentários:

  1. Te adoro, te admiro e gostaria muito um dia desses de te conhecer, tomarmos café e rirmos bastante. Pra começar se não for pedir muito para quem tem tantos compromissos, uma hora dessas vc pode visitar meu blog e deixar um alô. Uau vai ser o máximo. Um forte abraço, Milene. www.folhasmarcadas.blogspot.com

    Milene Gonçalves - RJ.

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  2. á propósito, as fotos do post são simplesmente divinas. parabens!!!!

    Milene

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  3. OI ESPERO QUE ESTES FRUTOS NÃO SEJAM COMIDOS PELOS CACHORROS COMO VC MESMO DISSE. RSRSRSRS, POIS ADORO JACA E ABACATE. PEGUEI AS FOTOS DAS ORQUIDEAS QUE POR SINAL ESTÃO LINDAS PARECEM FOTOS DE PROFISIONAL... PARABÉNS.

    BJS, CARLA - PB.

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