Pela liberdade de comer Brigadeiro!

12º Post: Da série.

...Precisamos mesmo ser tão críticos?

Quando eu tinha uns 14, 15 anos, fazia brigadeiro quase todo dia. Eu estudava de manhã, chegava em casa, almoçava e ia pro fogão. O tempo passou, comecei a almoçar fora e perdi esse habito: depois de comer, comprava algum doce. Beleza. Mas, há algum tempo, comecei a trabalhar e em casa quando estou de bobeira, apos o almoço, se não tem chocolate, que é mais pratico, lá vou eu preparar brigadeiro, como naquela época. Beleza.

Um dia, quando eu estava no harmônico momento de esperar o brigadeiro esfriar um pouco, a J passou aqui em casa. J é uma menina de uns 14, 15 anos que mora no meu prédio e às vezes pega um livro emprestado (detesto emprestar livros, mas, como ela é vizinha e posso tocar a campanhia na casa dela e entrar correndo, abro uma exceção). Ela sentiu cheiro de doce e comentei que tinha feito brigadeiro. Ela ficou chocada. Parecia que, em vez de brigadeiro, eu tinha dito que estava fabricando uma bomba – e não de chocolate. “Você fez brigadeiro? Em plena terça-feira? Sabe quantas calorias tem um brigadeiro?”
Detalhe: a J é magrinha. Mesmo assim, ela foge das calorias. Comentei que, quando tinha a idade dela, fazia brigadeiro quando chegava da escola e ela arregalou os olhos. Mas o momento que mais me marcou foi quando lhe ofereci o doce: ela fez uma cara de MEDO. “Não, nem pensar”, disse, claramente morrendo de vontade. Ai, ai.

Veja bem. Não sei quantas calorias tem um brigadeiro, mas imagino que sejam muitas. Eu sou pró-epidemia-mundial-de-obesidade, de jeito nenhum. Para falar a verdade, detesto engordar: trato de caprichar na caminhada se as minhas roupas estão apertadas. Mas acho muito louca essa neurose que se formou em torno da alimentação saudável.
Tenho uma amiga que vive de dieta. Ela quer perder cinco kg desde que a gente se conheceu, há uns seis anos. Toda vez que almoçamos, o prato dela é grelhado e salada. Ela nem sabe mais o que é apetite: come não quando está com fome, mas na hora que tem que comer, e não o quanto quer, mas a porção determinada pela dieta. Assim, ela come a mesma quantidade das mesmas coisas de segunda a sexta. Nos fins de semana, quando se dá mais liberdade ela pira. Vê uma caixa de bombom e come tudo. Daí continua comendo besteiras, sem controle e culpa nenhuma. Na segunda, começa tudo. Há seis anos!

Na boa: não sou nutricionista, mas será que ter pânico das calorias é mesmo a melhor saída para evitar o ganho de peso? A impressão que eu tenho é que as pessoas que demonizam as calorias vivem se descontrolando. Em vez de se contentar com um ou dois bombons da caixa, comem dez porque, afinal, estavam morrendo de vontade havia dias. Além disso, sabe-se lá quando vão se permitir chocolate de novo: melhor comer tudo agora, e rápido! Para mim, faz muito mais sentido comer doce todo dia, seguido meu apetite: mais, se estou a fim, e menos, se não estou. Se você pode comer sobremesa num dia qualquer, mesmo depois de uma lasanha, não vai querer toneladas de doces no domingo. Nem de lasanha.
Sei lá.

Como eu disse, não sou nutricionista. Mas acho que ter medo de uma panela de brigadeiro é sinal de que tem algo muito, muito errado com a humanidade!