segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Num piscar de olhos.

Todas as grandes decisões que tomei na vida foram fáceis. Dito assim, soa prepotente, mas é verdade – porque no fundo sempre soube exatamente o que queria. Não que escolher rapidamente seja uma habilidade especial. Parece mais um instinto primitivo: dizem que decidimos tudo antes mesmo de termos consciência do problema, porque nosso cérebro está preparado para fazer uma opção entre lutar ou correr, desde os tempos em que nossa única preo­cupação era sobreviver à natureza.

O fato é que a decisão era simples, e estava tomado, por maior que fosse a questão: ter ou não ter filhos, mudar ou não de cidade, terminar ou não o namoro, continuar ou sair do trabalho. Eu sabia o que fazer. O mais difícil, angustiante e assustador sempre foi assumir a escolha. Ter coragem para dizer, em voz alta e para quem quisesse ouvir, que esta é a minha aposta. Porque, quando faço isso, estou renunciando a todas as outras opções. Disponho-me ao incerto e tenho de enfrentar as consequências, imensas ao menos na imaginação. Foi isso – e não escolher – que mais me doeu em todas aquelas grandes decisões.

Enquanto a escolha mora apenas nas ideias, permaneço no universo do “e se...”. E se eu fizesse de outro jeito? E se der errado? E se o outro caminho for melhor? E se... É longo o caminho do “e se...”. Cheio de ilusões, de diálogos imaginários, de uma ansiosa tentativa de controlar todas as variáveis – que, é claro, não controlo. Quanto mais penso sobre um assunto, mais possibilidades surgem, mais incertezas abalam aquela primeira decisão instintiva, maior é a expectativa de fazer a escolha perfeita. Não raro, coloco a decisão para avaliação pública, e sou abarrotado de conselhos – ainda que bem-intencionados. (E a verdade é que quase nunca quero ouvir outra opinião: preciso apenas que alguém concorde e divida comigo o peso dessa decisão).

Essas experiências me ensinaram três coisas. A primeira é confiar nos meus instintos – e me agarrar àquela decisão tomada num piscar de olhos. Tento então gastar o tempo em que pensava no “e se...” planejando como vou assumir – e bancar – a tal escolha feita. A segunda é que nunca terei plena certeza de que estou fazendo o certo: a vida é risco, e tudo que posso fazer é me esforçar para que funcione. E a terceira é que, se der tudo errado, posso mudar de ideia – até porque, quanto mais escolhas duras faço, mais fáceis são as próximas.

E, por fim, aprendi que, se há algo inspirador para minhas decisões, não são tanto os conselhos queridos que recebo, mas as histórias de vida que conheço. Há muitos exemplos de coragem e de escolhas difíceis, que me fazem sentir mais amparado – e determinado a bancar minhas próprias decisões. Espero que este texto inspirem você também.

24 comentários:

  1. Giselle do Carmoagosto 22, 2011

    adorei seu texto.

    ResponderExcluir
  2. Sueli Mouraagosto 22, 2011

    Muito bem escrito o texto.

    ResponderExcluir
  3. Luciana Maltaagosto 22, 2011

    Seria muito bom se você escrevesse um livro contando histórias, tem cada uma louca que eu adoro ler, já imaginou virando um filme?

    ResponderExcluir
  4. Seu blog é show!

    ResponderExcluir
  5. Amei o texto, li alguns antigos e adorei. Estou apaixonada pelo João, ele deve ser muito fofo de se conversar. Deve ter uma cabecinha de gente grande.

    ResponderExcluir
  6. Seu texto é hilario.

    ResponderExcluir
  7. Nossa que texto forte!

    ResponderExcluir
  8. Amo tudo que você escreve sem adocicar você. acho que deveria mudar a cara do blog, rsrsrsrs

    ResponderExcluir
  9. Otáviano Souzaagosto 23, 2011

    Amei as tres dicas.

    ResponderExcluir
  10. Adorei o texto, muito bom e auto confiante.

    ResponderExcluir
  11. Adorei o seu texto!

    ResponderExcluir
  12. Pedro Américoagosto 24, 2011

    Temos uma coisa em comum, somos decididos.

    ResponderExcluir
  13. Adorei o texto, perfeito!

    ResponderExcluir
  14. Amei o texto, sua cara!

    ResponderExcluir
  15. Seu blog tem cada história louca, adorei!

    ResponderExcluir
  16. Oi Mel! Adorei sua visita ao meu blog. Até me surpreendi quando recebi uma notificação de comentário no meu e-mail pois faz um tempinho que não atualizo o blog. A-DO-REI a dica do livro!
    Bjs!

    ResponderExcluir
  17. CRISTIANO RIBEIROagosto 25, 2011

    REALMENTE TUDO QUE ESCREVEU ÉS VERDADE, AS VEZES O "E SE..." ENTRA NOS NOSSOS CAMINHOS E PRONTO, NOS FERRA BONITO. JÁ TOMEI ALGUMAS DECISÕES DIFÍCEIS E ME ARREPENDI DEPOIS, MAS COMO FALASTES TODAS AS DECISÕES ERRADAS SÃO APRENDIZADOS PRA NÃO ERRA NA PRÓXIMA. GOSTEI MUITO DO TEXTO, E ADOREI MESMO SEU BLOG MEU AMIGO/IRMÃO RODOLFO MEDEIROS É TEU FÃ. ELE VIVE FALANDO DE VOCÊ NO TRABALHO E EU FIQUEI CURIOSO PRA SABER QUEM ERA ESSA/E MEL. CONFESSO QUE ME SURPREENDI COM SUAS PALAVRAS FORTES E SINCERAS. QUANDO O RODOLFO E AS MENINAS FOREM AO RJ QUERO IR TAMBÉM SÓ PRA TE CONHECER PESSOALMENTE.

    P.S: ESTOU TE SEGUINDO NO TWITTER.
    P.P.S: ARRUMOU MAIS UM FÃ, RSRSRSRSRS...

    ResponderExcluir
  18. Regina Diasagosto 26, 2011

    Adorei seu blog. Me vi muito em você.

    ResponderExcluir
  19. Vitor Botelhoagosto 26, 2011

    Nossa quanta fixação por escrever!

    ResponderExcluir
  20. Ana Paula Ramalhoagosto 27, 2011

    Entrei, li e gostei!

    ResponderExcluir
  21. Olga Souzaagosto 27, 2011

    Nunca li um texto tão lindo. Realmente você é dez.

    ResponderExcluir
  22. O QUE FALAR PRA VOCE DEPOIS DESSE TEXTO LINDOOOOOOOO? SEM PALAVRAS.

    ResponderExcluir
  23. Diogo Carvalhoagosto 28, 2011

    Muito boa cronica.

    ResponderExcluir
  24. Livia Soledadeagosto 28, 2011

    Meu Deus como você consegue me ajudar tão longe? É impressionante tudo que você escreve e como se encaixa no meu dia dia.

    ResponderExcluir

Serão rejeitados comentários que desrespeitem o dono do Blog, apresentem linguagem ou material obsceno ou ofensivo, sejam de origem duvidosa, tenham finalidade comercial ou não se enquadrem no contexto do post.