terça-feira, 8 de março de 2011

Que mulher é essa?

"...Existe beleza sempre, em todas as idades, e se de todo não puder conviver com minhas rugas, faço uma bela plástica. Está decidido!!" (Yvelise de Oliveira "Quem é essa mulher no espelho?")


Impossível falar de mulher no dia internacional delas sem citar uma guerreira. Guerreira essa chamada Yvelise de Oliveira.
Não a conheço muito bem (na verdade, nem pessoalmente), mas pelas suas crônicas consegui ver que ela é um exemplo de mulher, e deve ser (pelo menos no meu blog) o ícone de exemplo a ser seguido. Se todas as mulheres mirasem no exemplo desta guerreira que não se apega a religião pra mascaras seus temores e dores, e sim em Deus como refugio e protetor. Não venho falar de ideologia cristã não, venho falar desta mulher. E digo a vocês mulheres, se todas fossem fortes o bastante como ela, corajosas constantemente, firmes, determinada com garra e fé na vida. Com certeza o mundo teria uma direção diferente.

O nosso planeta esta evasivo com mulheres, que sofrem por precaução, por antecipação ao leite derramado. Um mundo que insiste em ser machista e anti feminino, fazendo eles (os homens) ganharem voz e força a cada dia mais.
Sei que vocês (mulheres) estão mudando aos poucos, desde os anos 50, 60... Vêm ganhando força nesta luta. Mas ainda é pouco eu sei, a voz feminina não vem a ser ouvida apenas por uma mulher eleita Presidente do país. A voz feminina precisa de muito mais, precisa de dedicação, determinação, coragem e força.
Exemplo disso? Esta aí na Srª Yvelise de Oliveira, a minha musa inspiradora deste post. A mulher exemplo a ser seguido por vocês mulheres que tanto almejam o tão sonhado respeito.

Parabéns Mulheres pelo seu dia!

Parabéns Yvelise pela sua fé!


A morte entrou pela porta e sentou na minha sala!

Dona Morte entrou pela porta da minha casa e se instalou confortavelmente em algum dos meus sofás.

"Essa senhora sinistra" começou com o meu jardim.

A casa foi feita para o jardim. Toda cercada de flores coloridas, as singelas "Marias sem vergonha" abraçavam tudo como em um buquê. Por dentro da casa e pelo lado de fora junto dos muros o colorido das flores, na rua, aconchegavam a frondosa amendoeira em um abraço carinhoso em frente à casa.

Mas as plantas foram morrendo sem motivo e o jardim todo florido foi ficando sem vida e sem cor...

Se foi o sol, o calor, muita água, o jardineiro mesmo não sabia dizer... Mas lutei. Comprei terra adubada e centenas de mudas de "Maria sem vergonha", lilases, grama inglesa. Enfim, plantei tudo de novo, mas o jardim nunca mais foi o mesmo. Minhas orquídeas morreram aos montes no orquidário branco que fiz para cuidá-las. Amo plantas.

Indo mais fundo, Dona Morte matou minha gata Sara. A porta foi esquecida aberta e ela pulou para a casa da vizinha ? morreu na hora. Os cachorros quebraram seu frágil pescocinho.

Lamentei por dias sua morte e chorei sentida a sua falta.

Mas a gente não sabe o futuro e esperei sempre que tudo fosse melhorar.

Sem doença, sem nada, a mãe do meu marido, D. Margarida, morreu. Uma morte serena. Dormiu e não acordou. Sua jornada tinha acabado.

Foi uma tristeza grande. O consolo ficou apenas na suavidade com que Dona Morte agiu.

Assim que a gente começa a respirar mais aliviado, o consolo vem vindo, porque minha sogra viveu 91 anos, jovial e saudável.

Nesse ano que passou nós a vencemos quando meu marido teve um câncer e pensei que iria perdê-lo. Mas a mesma fé que o curou completamente não consegui tirar o medo que veio morar dentro de mim.

Logo eu, tão segura, tão confiante, tão cheia de planos, passei a temer o confronto com ela: a "Sinistra Senhora".

Depois passei a desconsiderá-la: "Não. Já perdi gente demais, um filho pequeno , minha mãe, meu pai, minha amiga querida. Perdas que fazem parte da vida quando se é jovem."

Mas Dona Morte instalou-se. Minha casa grande, branca e bela tornou-se sua morada predileta.

Em um sábado de céu azul e o sol brilhando, um dia tipicamente carioca, a família se reuniu para almoçar. Na mesa, sorriso e comida farta, muito papo jogado fora.

Benoni, meu filho, tinha agora um novo hobby: voar de ultraleve, um avião monomotor.

Todos já tinham voado com ele: meus netos, sua esposa, meu marido e as centenas de amigos que ele, com seu jeito de menino grande e coração doce, conquistava.

Nesse sábado, ele me convidou animado: "Vamos, mãe, vamos voar, é lindo. A gente se sente um pássaro". Emocionava a forma como ele descrevia o vôo, uma aventura única, um prazer indescritível. Ver o Rio assim, de cima, sua cidade que ele tanto amava.

Vou enjoar, respondi, acabei de almoçar. Vou amanhã, eu prometo.

Meu genro, um jovem homem amável e tranquilo, nada dado a aventuras perigosas disse: "Eu vou. Vou fotografar todo o Rio, o Cristo. O dia está claro como cristal".

Meu genro era um grande fotógrafo, tinha uma visão artística peculiar de luz e sombra.

Assim os dois saíram rindo felizes. O Sérgio, meu genro, com sua máquina super Nikon pendendo do pescoço. Alto, magro e sorridente como seu cunhado. Eram muito diferentes, mas tinham em comum a camaradagem.

Nesse dia claro e cheio de sol, Dona Morte resolveu dar um golpe fatal.

Enquanto o dia ia findando e o sol tornava o céu rosa em tons de púrpura e lilás, meu filho foi aterrizar seu avião, pequeno, leve como um brinquedo mortal.

O vento, sim, o vento que ele tanto amava virou o avião. Caíram na lagoa e morreram os dois na mesma hora.

Tantos planos, tantos sonhos, tanta juventude assim cortada, desperdiçada.

Morto meu filho, os bombeiros o tiraram da lagoa, o coloquei no meu colo. Pareceu dormir. Tão lindo.

Um garrote me apertou a alma. Uma dor assim não se limita, não se escreve, não se consegue sabotar.

Perplexa, vi que era verdade... Meu filho amado, meu filho morto, em meus braços eu embalei.

A dor é muito particular, íntima e, para mim, incurável. Não vou superar, já estou velha, cansada. Vou apenas suportar enquanto der, lutando para preservar a minha fé, manter o meu coração em Cristo, desejando que Deus permita que meu tempo aqui na Terra não seja tão longo.

Como não pude te dizer, meu Deus: Ainda não, ainda não. E rogar: Por favor, não o deixe ir agora. Não me lance nessa noite tenebrosa.

Yvelise de Oliveira 15/02/2010.

16 comentários:

  1. Márcia Cristinamarço 08, 2011

    Adorei o texto, e a Yvelise eu também não conheço, ela é famosa?

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  2. Giselle do Carmomarço 09, 2011

    Adorei a homenagem ela é 10.

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  3. Danielle Fernandesmarço 09, 2011

    Muito linda essa homenagem, em especial a Yvelise!

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  4. Ursula Nevesmarço 09, 2011

    Adorei a homenagem.

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  5. Fernanda Silveiramarço 09, 2011

    Muito obrigada pela homenagem a nós mulheres...

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  6. Paulo Mauromarço 09, 2011

    A foto dela no post ficou LINDAAAAA! Somos todos amigos da Yvelise, e ela mais do que ninguém deveria esta ai sim. Muito linda.

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  7. Adorei a homenagem... Muito lindo o post!

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  8. Alexandra Gouveiamarço 09, 2011

    Seu blog é show, amei...

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  9. Laís Verônicamarço 09, 2011

    Acho meio crente demais, existem mulheres com mais determinação, mas respeito sua escolha.

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  10. Muito bom o texto, e amei o detalhe sobre a Dilma.

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  11. Luciana Maltamarço 09, 2011

    Foi muito lindo essa sua homenagem.

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  12. Edson Galindomarço 09, 2011

    Adoreeeeeeeeei...

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  13. Olga Souzamarço 09, 2011

    Muito linda a homenagem as mulheres.

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  14. Henrique Cerqueiramarço 10, 2011

    Parabéns Mulheres...

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  15. Débora Rodriguesmarço 10, 2011

    Muito lindo o texto.

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  16. Muito lindo o texto.

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