terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sim, eu sou covarde!

Toda palavra é um juízo de valor. Por trás de “correto”, por exemplo, está a idéia de que a linha é mais digna que a curva, que há mais virtude na certeza que na dúvida. Da mesma forma, “errado” coloca o andar sem rumo – errância – como indigno, de pouco valor. A palavra “covardia” sempre me intrigou, por seus dois significados. Denota tanto a violência que o forte comete contra o fraco quanto a timidez existencial que impede de intervirem os que presenciam a violência. Não é injusto pôr em carrascos e testemunhas o mesmo rótulo?

No domingo retrasado, na rua Bolívar, em Copacabana, por volta do meio dia, dois policiais torturaram um morador de rua.
No domingo retrasado, na rua Bolívar, em Copacabana, por volta do meio dia, pedestres assistiram calados à tortura.
Um dos pedestres era eu.
Assistindo à cena, parado na calçada oposta, ao lado de uma senhorinha com sacolas do supermercado, um sujeito de sunga e regata, vindo da praia e uma garota saindo da farmácia, com uma caixa de pasta de dentes nas mãos, entendi que os dois sentidos da palavra covardia são os lados da mesma moeda: dois pólos, positivo e negativo, sem os quais a corrente da maldade não viaja da intenção ao ato. Só pode existir a covardia do carrasco se a covardia das testemunhas permitir.

Para torturar o morador de rua, os policiais usavam uma arma amarela, que parece um revólver de brinquedo. Chama-se Taser e de brinquedo não tem nada. Quando disparada a distância, lança dardos presos a fios. Os dardos dão um choque, capaz de derrubar um adulto e deixá-lo imóvel por alguns segundos. Evita, assim, que seja necessária uma bala de chumbo para desarmar um bandido. Ok. O problema é que a Taser também funciona sem os dardos: seu cano, encostado ao corpo, dá choques elétricos. Lembro-me das matérias em jornais, faz um ou dois anos, quando as polícias de alguns estados brasileiros estudavam a adoção da tecnologia. Muito bom que haja uma alternativa à arma de fogo, diziam os otimistas. Muito ruim que haja uma alternativa ao fio desencapado, alertaram os realistas.
Ao condenar as testemunhas com a mesma pena dos verdugos, a palavra “covardia” as transforma em cúmplices. Tirando-as da posição de espectadores passivos e lhes dando a responsabilidade pelo ato que está a ser cometido, lhes traz o dever e a possibilidade intervir. A palavra tem em si, portanto, o fardo e a benção da modernidade. Fardo por dizer que, haja o que houver à nossa volta, é de nossa responsabilidade. Benção por sugerir, simultaneamente, que mudar o mundo está em nossas mãos.

Enquanto um policial dava choques no homem e fazia perguntas, o outro revirava seus pertences com o bico do coturno, espalhando as sacolas plásticas, o cobertor cinzento e um amontoado de miudezas sob a marquise, onde ele se protegia da garoa. O barulho de matraca da pistola amarela, tec,tec,tec,tec,tec, como a ignição de um fogão que demora a acender, era abafado pelos gritos do mendigo, recebendo descargas na parte de trás das coxas e nas costas. Mais ainda, era abafado pelas vozes na minha cabeça: “Vai lá!”, dizia-me uma delas. “Você que teve pré-natal e fralda descartável, você que estudou em escolas privadas e freqüenta mostras de cinema, você, com lentes de contato e livros na estante, você, que veio de uma família estruturada e caminha em direção a um restaurante: vai ficar aí, parado?” Outra voz, a voz covarde, me dizia: “esquece. Não é o caso de peitar dois policiais, ainda mais sendo catarinense, no Rio de Janeiro. E se te jogarem no camburão? Se te derem choque com a arma amarela?” A voz corajosa insistia. “É seu dever! E é pouco provável que te batam. Você sabe bem que, desde a redemocratização, a tortura deixou de ser aplicada aos de lentes de contato e livros na estante e ficou restrita aos do outro lado da rua, sob a marquise.”

Olhei a senhorinha, ao meu lado. “Alguma ele aprontou”, disse ela. Então abaixou a cabeça e saiu andando, agarrada a essa frágil certeza trazida pela responsabilização da vítima: afinal, se quem apanha merece, o mundo tem sentido, não vivemos no caos e na barbárie e pode-se voltar para casa com as compras do supermercado. Eu abaixei a cabeça e saí na direção oposta, levando como única certeza a consciência de que devia ter agido, mas tive medo e não fiz nada.


Covardes. Covarde.

35 comentários:

  1. Laura Martinsagosto 24, 2010

    Além do Arco-Íris
    Mágico de Oz
    Estrada de Tijolos Amarelos
    Espantalho
    Homem de lata
    Leão covarde

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  2. Elias Camiloagosto 24, 2010

    Todos nós merecemos um soco no estômago como esse de vez em quando. Estranho que nessa hora não apareceu ninguém com um celular para filmar ou fotografar e gritar em direção à cena macabra: Hei, policial, sorria, você está sendo filmado. Ou será que as pessoas só sacam o celular do coldre quando veem uma celebridade?

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  3. Jéssica Limeiraagosto 24, 2010

    Trabalho no Centro de São Paulo e é chocante ver a forma que esta realidade nos persegue, e mais revoltante ainda é a forma como fingimos que nada de anormal esta acontecendo ao nosso redor.
    Não sei o que dói mais, se é a falta de caráter das autoridades ou então a nossa de engolirmos toda esta mentira de encontramos um pote de ouro no fim do arco-íris.

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  5. Roberta Veigaagosto 24, 2010

    Concordo com o Elias, se fosse uma celebridade com certeza fotografariam ou filmariam, e o estranho é que aconteceu tudo em Copacabana, um bairro muito movimentado, nos fins de semana.

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  6. Carlos Souzaagosto 25, 2010

    Chocante. Martinelli, você é um covarde, mas eu em seu lugar provavelmente também ficaria com medo e não faria nada.

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  7. Mel: entendo sua angustia. Outro dia, presenciei um carro quase atropelar uma idosa. Esta última bateu no vidro do carro e falou para que o motorista não fizesse aquilo. Ele abaixou o vidro e passou a xingar a idosa de todas as palavras de baixo calão que se possa imaginar. Eu estava a uma distância de cerca de 2 metros e sai em defesa da mulher, gritando ao motorista que não podia fazer aquilo. Resultado: ele desceu e veio para cima de mim. Como aparentava uns 45 ou 50 anos, tive a consciência de não golpeá-lo, pois minha superioridade física era maior. Apenas o contive com os braços e passei a segurá-lo. Enquanto ele se debatia tentando me acertar, puxei-o para trás e acabei tropeçando na calçada. Caímos no chão e então vários transeuntes separaram a “briga”. Sabe o que aconteceu? A maioria que presenciou a situação disse que eu fiz o que era certo, pois o homem havia tratado a idosa como um cachorro. Já alguns outros disseram que eu era covarde por ter entrado em conflito físico com um homem mais velho do que eu. No fim, eu e ele tivemos que ir para a delegacia e quase foi aberto um inquérito por lesão corporal, só não foi adiante porque o delegado pediu para que fosse feita uma composição e tudo acabasse ali, que foi o que aconteceu. As lições que ficaram? Moralmente, não me arrependo do que fiz, pois agi de acordo com o que esperava que alguém fizesse se minha mãe estivesse no lugar daquela idosa. Pou outro lado, meu ato não valeu por nada, pois se aquele homem tivesse uma arma no carro, ele poderia ter me matado. Assim, como se eu resolvesse de fato golpeá-lo, ele também poderia estar morto nesta hora e eu preso. A conclusão que tiro é que fazer o que fiz não vale a pena. Não se pode esperar bom-senso das outras pessoas, até porque até hoje me lembro das palavras da esposa do motorista, a qual estava no carro: “Você não sabe distinguir uma calçada de um estacionamento, a mulher estava andando no estacionamento”. Isso me intriga até hoje, pois será que o simples fato de uma pessoa estar andando em um estacionamento dá direito ao motorista de passar por cima dela? Como disse, não se pode esperar bom-senso dos outros. O que tomei de lição é que se eu presenciar um cena daquelas novamente, nunca mais irei intervir. Mesmo sabendo que agi para proteger uma idosa, não valeu a pena o que fiz. Faço este relato para lhe mostrar que sua atitude de ir adiante e não intervir no que os policiais estavam fazendo foi acertado, pois você poderia neste momento estar preso, espancado ou até mesmo morto, mesmo tendo agido por um motivo nobre.

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  8. Já defendi uma idosa na rua e quase fui preso, mas não fui covarde!

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  9. Paulo Cézaragosto 25, 2010

    concordo, não devemos esperar pelo bom senso nas pessoas.

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  10. Francisco Rochaagosto 25, 2010

    já passei por uma situaçao dessa.um jovem brigando com um idoso por causa de transito.o jovem tentou partir pra cima de mim, e falei pra ele que um dia ele seria idoso como o outro e também argumentei que alguém um dia podeira fazer isso com os pais dele.mas insisti que um dia ele tbem seria idoso.deu certo.mas também fiquei muito indignado.

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  11. Luan Maranatamagosto 25, 2010

    concordo com o Paulo Cezar, não devemos esperar pelo bom senso nas pessoas – algumas vezes senti forte ânsia ao presenciar pessoas que justificam o absurdo que cometem exatamente por nem ao menos perceberem a falta que lhes faz o bom senso. Talvez esse seja um mal ainda maior, para essas pessoas além do bom senso também lhes falta a capacidade de compreender o bom senso no outro, isto é, torna-se praticamente impossível discutir ou dialogar amistosamente com pessoas que sofrem disso. São pessoas estúpidas e inconsequentes presentes em todas as camadas e classes sociais, elas estão por aí e podemos sim encontrá-las a qualquer momento seja vestindo um uniforme, atrás de um volante, de uma mesa de escritório, fila de supermercado ou na casa ao lado da sua; na maioria das vezes, se encontrá-las não tente ser heroi, infelizmente, contrariando as regras de Holywood, o melhor a fazer é mesmo dar as costas e correr. Alguém uma vez me disse que se não houvesse a possibilidade de fuga então a única alternativa possível seria a bestialidade pura, ser mais selvagem que os selvagens que precisará enfrentar – e que vença o pior!

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  12. Mel depois você apaga um comentário... é que estava dando erro e eu digitei duas vezes, agora que vi que foi. Rsrsrsrsrs

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  13. Não entendi porque você excluiu meu comentário! Falei algo que não devia?

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  14. "Serão rejeitados comentários que desrespeitem o dono do Blog, apresentem linguagem ou material obsceno ou ofensivo, sejam de origem duvidosa, tenham finalidade comercial ou não se enquadrem no contexto do post."

    Isso te responde alguma cois André?

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  15. Há alguns anos ouvi um diálogo entre dois policiais militares (SP): um dizia que um “lixo” teve a pachora de sair de um baile, de madrugada, e mijar na parede do posto comunitário em que ele, o PM, atua.
    Ele pegou o “lixo” pelo colarinho, levou para dentro do posto e, junto com outro PM, aplicaram um corretivo físico no “lixo”.
    Dias depois a família do “lixo”, audácia!, veio tirar satisfação com os PM do posto, porque o “lixo” havia morrido em um hospital público!; imagina, alguém se importar com aquele “lixo” que ousara mijar na parede do posto!
    Melzinho; somos todos covardes, nos dois sentidos que você aborda!; também não tive “coragem” de interferir na conversa dos PM, porque não sou o “lixo” a que eles se referem, ou porque não foi comigo ou alguém da minha família.
    O que nos induz a ser covardes é pensar que os soldados, que são por nós pagos para nos proteger, chamam de lixo pessoas que são como eles (como nós!); e pensar que eles são um microcosmo da sociedade que formamos!; pensar que desta massa que forma a sociedade brasileira há pessoas que são nossos semelhantes!; que convivem conosco no dia a dia!; que se relacionam conosco!; e que um dia serão pessoas com “autoridade” para agir sem limites. Mas também já ouvi relato de um PM aposentado (interior) que disse que tinha escrúpulos e não participava de atos crueis com os “lixos”; fingia que não via; seria ele também um covarde?
    Tenho até medo de publicar isso, porque sou covarde, não sei se no bom ou no mau sentido.

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  16. Que tristeza de cena. Infelizmente nao é um fato isolado.
    Coragem Martinelli.
    Boa semana a todos nós...

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  17. Lembrou – em partes – a já estudada Sindrome de Kitty Genovese.

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  18. Amarelou, hein Mel!! E é essa a cor porque muitos de nós já estamos acostumados, infelizmente… >_<,!!

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  19. Pois é, vc foi covarde. Corajoso seria peitar os policiais, eles te espancariam também, alí ou em outro lugar. Ou plantariam um pacote de drogas no seu bolso e te mandariam pro fundo de uma delegacia onde vc apodreceria corajosamente.
    Infelizmente é o mundo em que vivemos.
    Mas talvez pudesse ter filmado, hoje em dia é a única coisa que as pessoas temem, que seus abusos sejam expostos na mídia de forma inegável.

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  20. Valéria Toledoagosto 26, 2010

    Cenas como essa que vc descreveu,me faz voltar a realidade e perceber que a mudança está em nossas mãos.Esperamos muito pelo “outro” porque é fácil encontrarmos culpados quando o medo nos paralisa.
    Um Grande abraço!!!

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  21. poutz, uma gravação da cena em vídeo, do próprio celular, já seria uma bela forma de “peitar” esses policiais. porque, jogando na internet, provavelmente despertaria o interesse das autoridades em apurar o acontecido.
    o tom de “mea culpa” desse texto talvez esteja abafando o tom de denúncia que ele poderia ter. o que já seria uma reação de não-passividade sua. não acha?
    já que vc é blogueiro, as palavras são sua arma.

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  22. Antonio José da Silvaagosto 27, 2010

    Prezado Mel Martinelli,

    Fiquei perplexo com o seu relato e informo o que se segue:
    O aperto do gatilho do TASER gera um registro, na memória interna da arma, da data e horário (dia, hora, minuto e segundo) do acionamento do gatilho e este registro não pode ser apagado ou alterado.
    Se o seu relato é verdadeiro (acredito que seja), basta comunicar o fato ao Comando da Corporação para que seja iniciado um processo administrativo, no qual será cotejado o relatório do policial sobre as ocorrências daquele dia com o relatório dos acionamentos do gatilho da arma TASER naquela mesma data, ou seja, se o policial disparou o TASER por motivo fútil, banal, desnecessário, não haverá uma explicação que justifique o mesmo…
    A arma TASER só deve ser utilizada diante de uma ação do suspeito que coloque em risco a integridade física do policial ou de terceiros. Se o gatilho da arma foi acionado, significa que houve uma ameaça e, em função desta, ocorreu um disparo e, obrigatoriamente, a ocorrência tem que ser registrada em relatório, além do encaminhamento do suspeito para a delegacia, etc.
    Para os cidadãos avaliarem a importância da arma TASER, basta fazer a qualquer pessoa as seguintes perguntas:
    1 – Você prefere ser abordado por um Policial que esteja usando um TASER ou uma Arma de Fogo?
    2 – Se o Policial falhar, se enganar ou imaginar que você seja um bandido – é preferível que o Policial esteja usando um TASER ou uma Arma de Fogo?
    3 – Caso ocorra um disparo – você preferiria ser atingido pelo TASER ou por uma Arma de Fogo?
    No Brasil, armas TASER já salvaram a vidas de pessoas em centenas de ocorrências policiais. Para tal, basta dar uma olhada na página: http://www.taserbrasil.com.br/taser_midia/default.htm
    Há 500.000 armas TASER na cintura de policiais de 15.000 Departamentos de Polícia de dezenas de países do mundo. No Brasil, cerca de 8.000 armas TASER estão, hoje, sendo portadas por policiais, agentes de segurança de órgãos governamentais e guardas municipais. Dentre os órgãos públicos que utilizam as armas TASER, podemos citar alguns: Polícia do Senado Federal, Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados, Departamento de Polícia Federal, Força Nacional de Segurança Pública, Tribunal de Contas da União, Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Ministério Público da União, Superior Tribunal de Justiça, Polícia Rodoviária Federal, Marinha do Brasil e Polícias Militares e Civis de quase todos os Estados da Federação, além de inúmeras Guardas Municipais, como as do Rio de Janeiro e Fortaleza.
    Para saber mais sobre a auditoria do uso das armas TASER, acesse: http://www.taserbrasil.com.br/data_kit/default.htm

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  23. Meu caro, a tal Teaser não é o problema. Você não percebe?
    Em mãos brutas, até um lápis vira arma.

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  24. Sueli Gonçalves Velosoagosto 27, 2010

    Sindrome de Kitty Genovese
    O escritor cumpriu o seu melodrama calcando os cálculos já conhecidos: responsabilidade difisua. Não há Norte nem individual nem coletivo. A educação poderá estimular desde o patriotismo a responsabilidade com os desiguais. É dificil nessa, ou em outras situações onde a violência não foi estatal, encontrarmos proteção a vida em suas formas. Os agentes publicos é que têm de receber a correta formação. Não é pra isso que serve o Estado? Meu pai desconfiava tanto dessa lealdade que ante uma ameaça colocava a arma na mesa para comprometer aos demais a fazê-lo. Mas a sorte de quem aceita os desmandos receberá a fatura, não diretamente relacionado ao fato mas a atitude (covarde). Já enfrentei situação parecida onde convidei o policial a trocar tiros. Claro que a caracteristica básica do covarde é sinceramente agir com certeza da superioridade ( mais de um). No entanto até a presente data o policial não me procurou. Acabamos por aprender a não nos preocupar com a vida em país onde o maior agressor é o proprio Estado arregimentado. As pessoas despreparadas não podem intervir. Estarão sob a excludente de não exigência de conduta diversa. Quando era jovem queria ir pra cima. Quando idoso, já não resta muito a perder. Mas versos de duas poesias reportam aos fatos:

    “POLICIAL BANDIDO
    Ei, policial,
    Você não é
    Ninguém!
    Se você é
    Homem,
    Vem,
    Enfrente-me,
    Mas pelo menos um
    Dia
    Na sua
    Vida,
    Venha
    Sozinho!”
    “É necessário navegar.
    Arrostar e os males da alma dizimar.
    Mas todos em seu lugar vai se achar.
    A alma mesmo dos covardes um dia vai desabrochar.

    É preciso olhar e não enxergar.

    Vida é risco.
    “O egoísta nunca vai querer se rifar.”

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  25. Martinelli,

    só por curiosidade…. Por quê você não pegou o nome dos policiais e denunciou?
    Denúncia não exige confronto, e se você quiser, pode ser até sigilosa.

    Não critico sua falta de ação, a maioria faria o mesmo, até porque ninguém tem a obrigação de reprimir a polícia, ou está preparado para isso. Mas ao invés de escrever aqui, sua amargura pela covardia; você deveria ter denunciado. Adiantaria? Não sei.
    Mas ao menos você teria tentado ajudar, da maneira possível.

    Covardia é uma coisa. Falta de cidadania, outra.

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  26. Os policiais não fariam nada com você, desde que você se identificasse como jornalista, escritor, amigo deste ou daquele figurao…Tenho certeza de que iam apenas lhe mandar embora e até justificar porque usaram a tal arma (ou pseudo-arma), para que você pense que agiram dentro da lei. Você não é um cidadao comum, Mel Martinelli, convença-se disso. Da próxima vez, aproveite a oportunidade.

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  27. Camila Macedoagosto 27, 2010

    Não importa para quem você trabalha. Há muito aprecio os seus textos, pela atenção dada às cenas “invisíveis” do nosso cotidiano. Parabéns.

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  28. Estudamos tanto, tantas teorias, idéias, pensamentos, livros de capa dura que lustram nossas estantes, inúmeros caminhos em prol de um mundo melhor, mas as quais não possuem a certeza da eficácia e do sucesso. Todavia, diante de uma simples situação, porém arriscada embora na certitude que nossa ação está correta e fará sim diferença naquele instante singular, naturalmente nos acovardamos. Talvez essa seja o problema da humanidade diante de seus próprios dilemas. Mudar o mundo é fácil, o díficil é começar.

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  29. Mel,

    Muito bom esse texto! Está redondinho, dá gosto! Os comentários para o texto reforçam uma sensação que eu já tinha com os meus alunos: tem um fatalismo esmagador rondando o nosso cotidiano. Ele aparece misturado com um pessismismo em relação ao ser humano, uma desilusão com a espécie… Eu falei em fatalismo porque parece que o mundo é desse jeito e não tem saída, é assim porque não tem outro jeito para ser. O seu texto não é assim, fala muito bem sobre essa sensação. Legal, suficientemente constrangedor!

    beijos,Manu.

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  30. Lindo texto, Martinelli, parabéns.

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  31. Paineis Eletricosagosto 28, 2010

    Ótimo post!

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  32. Valter Ferrazagosto 28, 2010

    durma tranquilo. Nenhum de nós (mesmo os que como eu não tiveram pré-natal e nem usaram fraldas descartáveis e não escrevemos no jornal) faríamos algo. Temos medo. Temos família. Temos filhos que nos esperam vivos, inteiros. Denunciar como voce faz, através do texto exato, preciso, já é fazer a sua parte. Covardia seria ocultar, guardar para sí próprio. Cada um usa as armas que tem. A sua é a pena.
    Abraço solidário

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