quinta-feira, 30 de julho de 2009

Bobo

"E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assim..."

Fui dormir com um sorriso bobo no rosto. Bobo por ti e por mim. Pelo tempo perdido, pelo orgulho mantido. Por não dizer o que deveria ter dito e senti o gosto amargo do arrependimento incomodar a garganta. Gosto do medo, da angústia. Lá fora chove. Como choveu em mim, semanas. Incontáveis. As gotas descem do céu, e partem pra onde não vemos - quiçá soubéssemos! Minha chuva salgada se junta à doce, vai. Sem adeus ou o lenço branco de despedida. Rolou apenas um tchau e boa aula, no caminho que nós dois juntos seguíamos, junto a um aperto de mão que esquentou minha alma.

Foi o acaso, lembra? O vento trouxe você. Das linhas melódicas, nuas, silenciosas. Um rosto que não se via. Um nome que não levava a lugar nenhum. Um saber que não sabia. Sensação forte, insensata, imoral. Uma conversa, apenas uma. E a razão, dominada por algo que eu não soube nomear. Tínhamos minutos, contados, para nos falarmos. Sem eles, os espaços ficavam vazios, a vida, sem cores. Fomos apedrejados, à moda madalena. Não podemos culpá-los. Era incomum. Polêmico. Para alguns, ininteligível. Éramos alheios. Assim aprendemos.

A vida é mesmo coisa muito frágil. Uma bobagem, uma irrelevância, diante da eternidade do amor de que se ama.

Vieram as dúvidas. A chuva salgada. A distância, que antes era ventura de sonhar, não passava de mera utopia. Houve um buraco, alguém que se escondeu. Saiu com uma máscara alegre, para ocultar o pesar que sentia. Longe, apenas ausência. Solidão. Saudade, sólida, dolorida. Procura desesperada, de gente em gente, pelo que só poderia ser encontrado onde não se poderia ir. Vã.

Fez cena, tragicomédia. Roteiro estúpido, incompreensão geral. Levantou âncora, navegou, aportou. A cada onda vacilante, lembranças, sumindo e reaparecendo, um lusco-fusco enlouquecedor. Covardia, plena. Desejou novos ventos, refrescantes. Porém, calmaria era a resposta obtida.

Volto. Grito, sem som. Quando que tanto precisava, a voz não saiu. Meus olhos, apenas túneis escuros. Enigmáticos, alguém disse. Tentou desvendar, a esmo. Nem ele, nem eu. Destoados. Desanimados.

Então, você veio. E eu fui criança, novamente. Sorri um sorriso puro, entendido por poucos. Ri baixo, egoísta, guardando felicidade só pra mim. Ainda acho graça de você achar graça em mim. Moço bonito, desvendador de olhares. Quero mais te desbravar, sem aspirina, nem destino. Agora, apressa. Bananal - Praça Onze é grande, temos pouco tempo. Vem! Corra, que amanhece. Renasce nosso lirismo, moço, que junto com o Sol, faz brotar a incerteza.
Achei estar vendo um arco-íris nas sombras. Não, não. Só estava pensando em você.

“Aqui não há pedras
Nem eu motivos
Para apedrejar
O que existe é o desejo
Oculto.
Que eu tenho de te amar.”

4 comentários:

  1. Ai ti lindooooooo, é sobre quem eu estou pensando?? Se for eu dou a maior força pra vcs ficarem juntos...

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  2. lindo!!!!!!!! Simplesmente Maravilhoso.

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  3. Tem uma amiga minha que fala que o Percy vai ser o sucessor do Harry, vc acha que é verdade? Adoro teu blog!

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  4. Ana Emiliaagosto 03, 2009

    Não conheço nenhum Percy Jacksson, fiquei na curiosiade e pesquisei. Estou gostando comprei o Ladrão de Raios e estou curtindo.

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