domingo, 24 de maio de 2009

Cinema mudo

Falar durante uma sessão de cinema causa impotência sexual?* Antes fosse.
Assim, a gente se sentiria autorizado a regulamentar a mais irritante manifestação fonética já criada pelo homem, desde os primeiros grunhidos na savana africana: a conversa durante o filme.

Imagina a campanha do governo. Além de “cigarro faz mal a saúde” e “se dirigir não beba”, haveria “se for ao cinema, fique quieto”, os estabelecimentos fariam a fiscalização. Já na bilheteria, a advertência emprestada do mundo de Marlboro: “crianças que convivem com tagarelas têm mais asma, pneumonia, sinusite e alergia”.
O aviso antes do filme seria adaptado. Depois de pedir para desligar o celular, bip e Pager (alguém ainda carrega bip ou Pager?), acrescentaria algo inspirado nos maços de cigarros, tipo “falador inalar arsênico e naftalina, também usados contra ratos e baratas”.

Tudo bem, continuaria permitido falar durante comerciais e trailer. Mas, na hora do filme, vigoraria a lei do silencio. Em caso de infração, multa de R$ 792,50. Na segunda notificação, o valor dobraria. Reincidência? Suspensão das atividades por 48 horas. De novo? Até 30 dias de portas fechadas.
A legislação seria especialmente rigorosa com o cochicho alto – essa contradição cada vez mais praticada nos cinemas. O sujeito usa o timbre do cochicho, mas em volume normal. Mesmo duas fileiras de distancia, é possível ouvir cada silaba. Se fumo passivo faz mal à saúde, escutar faz mal à saúde mental.

E o falso moralista do SMS? A figura se considera exemplo de cidadão por não falar durante uma hora e meia. Jamais. Isso é para hunos, vândalos e visigodos. Ele é diferente. Superior. Produto de milênios de civilização. Por isso, finge que suas mensagens de texto não atrapalham ninguém. Mesmo que dispare mais torpedos que um submarino alemão em filme de guerra. Fica aquela luz do visor do celular azucrinando o escurinho do cinema, enquanto o tec-tec-tec do teclado se mistura ao dolby surround.

Chega de impunidade. Como deputado que se lixa para opinião publica, quem se lixa para a opinião do publico também deve ser afastado das sessões – se não das sessões do Conselho de Ética, pelo menos das sessões de cinema.

*É a conclusão de cientistas da Universidade de Minnesota, nos EUA. Durante quatro anos, foram analisados mais de 1,5 mil espectadores de curtas, médias e longas – metragens. O estudo foi divulgado prestigiosa publicação médica.

4 comentários:

  1. Menino já pensou???? Agora imagine a quantidade de pessoas que iriam sofrer desse mal!

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  2. Poxa não acha que essa multa não esta salgada demais não? rsrsrsrs

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  3. verdade, tem gente que parece um submarino alemão, mas eu nem sei quem é...

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  4. acho que vão ter que contratar varios lanterninhas... por que pra dar atenção a tantos faladores. rsrsrsrsrs

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