quarta-feira, 22 de abril de 2009

Fobialidade

Eu não sei ser feliz. Sempre achei isso, mas sempre achei que as pessoas me achariam louco também. Então, não deixando a minha mania de querer agradar a todos menos a mim mesmo de lado, engoli. Mas entalou. E não sai. Mesmo se eu beber trezentos litros de água, tossir ou vomitar. Não sai. Fica ali, no meio da minha garganta, me lembrando a todo momento que eu não sei lidar com a tal da felicidade. Não é a rejeição, a saudade, o machucado.
Nada disso. Não é a tristeza que dói de verdade. O que dói de verdade é a felicidade. Ser vítima é mais fácil. Lamentar, reclamar, chorar, espernear, culpar. Tudo isso é anos luz mais fácil do que se permitir ser feliz. Sem medo de errar, durante uns noventa por cento da minha vida, eu reclamei por estar gordo, ter cabelo enrolado, estar sozinho, ser feio, desajeitado ou por me sentir excluído. Durante todo esse tempo, eu acordei todos os dias pensando no que poderia fazer para mudar o que me deixava para baixo.
Ao mesmo tempo em que eu buscava a felicidade, buscava a mim mesmo. A vida é muito complexa, e para diminuir a minha impotência diante a sua complexidade, eu vesti a capa de coitadinho e sai por ai. E agora? O que eu faço? Como eu vou viver sem a minha capa? É como aquela história da terceira perna: não me permitia andar, mas fazia de mim um tripé estável. Não felicidade, não vai embora não! Eu só quero que você me ensine a lidar com a sua vinda, principalmente porque me contaram que esta é sempre breve. Aceita um café? Bolo? Se eu for um bom anfitrião, a senhora fica mais um pouco? Entre todas as variações da felicidade, a mais difícil é a respectiva ao amor. Independentemente do que se ama, tirando o amor próprio, já que eu nunca o conheci muito bem, se ama aquilo que está fora de nós e, portanto, está fora do nosso controle. Mas sabe, se eu não consigo ao menos controlar as ações provocadas pelos meus próprios hormônios, como eu poderia querer controlar as outras pessoas? Pessoas são complicadas, mas a felicidade é mais. A felicidade me deixa tão leve que eu tenho que me prender a tantas neuras só para não sair voando por ai e, quem sabe, cair sem para quedas de volta a realidade.

Beijocas :*

Um comentário:

  1. luiz Antoniomaio 02, 2009

    Tbm tenho medo de ser feliz, não sei pq! mas tenho.
    Bjs Mel te adoro, ah! Te vi na Semana Literaria mais nem deu pra chegar perto de vc!

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