sexta-feira, 17 de outubro de 2008

E ela está aqui, no meu coração, "Queridos Duendes"

A vontade de abraçá-la e de puxá-la pelas orelhas está guardada. Sei que não posso correr até sua casa para contar uma novidade, nem chamá-la para sair à tardinha. Porém, ela é o tipo de pessoa que acompanhou o fim da minha infância, trocou segredos comigo e escutou meus desabafos. Aquela que sinto saudade, que me apóia, que é amiga de verdade.
Eu acredito que, embora não exista um contato físico, a relação entre duas pessoas através de um programa de computador pode ser sincera e durar anos, basta você cultivá-la como se fosse uma amizade de escola. Quando se tem carinho, respeito e confiança, o verdadeiro amigo pode ser aquele que mora do outro lado do mundo. O resto, a gente inventa: faz a noite do pijama no messenger e manda torpedos durante o dia. Só assim esquecemos os quilômetros de distância que nos separam. Os melhores momentos da minha vida passei com ela. Minhas histórias e temores, ela foi a primeira pessoa que me apoiou quando disse que acreditava em fadas e duendes.
Isso mesmo! Já acreditei em duendes. Não riam, é pura verdade. Achava que eles eram responsáveis pelo sumiço dos meus brinquedos, pelos bombons que desapareciam da gaveta da cozinha e pela minha falta de sorte. Sempre os culpava por tudo: se minha gata dava cria, a culpa era do duende que a perseguia; se rodava em alguma prova, foi porque um deles alterou minhas respostas. Não existia passarinho verde, mas sim um duende que contava meus segredos para todo mundo. Sempre foi assim.
Acreditava em fadas também, mas elas costumavam ser mais boazinhas. Trocavam meus dentes de leite por moedas de um real. Porém, se meu dinheiro sumia, o culpado era quem? Claro, o seu ajudante, dono de um gorro ridículo e orelhas grandes. Tudo não passava de ódio gratuito por um ser que eu nunca tinha visto. Aliás, nem sabia se, de fato, ele existia. Mas, como eu não assumia minha falta de estudo, o péssimo cuidado que tinha com os meus brinquedos e comprava qualquer coisa com os trocados que ganhava, eu precisava acreditar em algo estranho para depois culpá-lo pelos meus erros. E claro, o premiado foi justamente essa criatura tão inoscente.
Calma aí, eu ainda acho que foram eles que esconderam Minhas canetas coloridas.

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